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15 de outubro de 2010

Alma feminina e cheias de charme
- por Tarcísio Bahia (*)

Elas podem ser grandes ou pequenas, bonitas ou feias, ou até mesmo com apenas algumas das suas partes atraentes. Podem ser ricas ou pobres, alegres ou chatas, jovens ou velhas, trabalhadeiras ou baladeiras, tranquilas ou violentas... Nesses dias tenho pensado muito nelas. É que, casualmente, tenho lido muita coisa sobre elas na imprensa.

Numa dessas leituras voltei no tempo uns 15 anos atrás. Comentando a seleção brasileira, Tostão falou dos passeios em Barcelona, onde tomou bons vinhos, viu obras de Miró e Gaudí, o que me fez lembrar do tempo que morei lá. Das cidades do mundo, Barcelona é uma das mais encantadoras, reunindo a maioria das qualidades positivas listadas nas relações dialéticas apresentadas no início deste texto.

Ah! Como assim? Não, não... os adjetivos não se referiam às mulheres e sim às cidades. Ok, posso continuar? Bem, é certo que, como elas, as cidades também não deixam de ser entes vivos. Organismos dinâmicos, estão sempre em transformação. Há sempre um núcleo que comanda os demais subsistemas que a compõem. Tal como as veias e artérias por onde corre o sangue vital, as cidades são compostas por vias nas quais se deslocam os fluxos de pessoas que as mantêm vivas. Como nossas mães ou companheiras, ora são maternais, meigas, ora opressoras.


Falei antes em textos que saíram na imprensa para o público em geral. Desses, certamente o mais abrangente foi o que saiu na Veja desta semana (01/09/10) sobre as cidades médias brasileiras, responsáveis por um novo modelo de crescimento econômico e desenvolvimento social. Atualmente moro numa cidade média, Vitória, que se encaixa bastante no foco da reportagem da revista, exceto pelo fato de ser capital de um estado da Federação (a capital do Espírito Santo tem menos de 500 mil habitantes). Apesar do seu tamanho mediano, com quase 459 anos de idade, Vitória é uma das mais antigas cidades do Brasil.

Daí que começaram sair reportagens locais meio festivas sobre a cidade. Numa delas perguntaram aos citadinos quais eram os pontos positivos da capital capixaba. E é quase assustador saber o que deu em 2º lugar: shopping centers! Mas, caramba, shopping é quase antítese da cidade, eles negam o conceito de espaço público, criando ilhas de exclusão. Talvez seja este o motivo de uma famosa colunista social da cidade ter escrito recentemente que “as cidades fracassaram”.

Ora, tal como as mulheres, as cidades são imperfeitas, mas não significa que fracassaram. Elas despertam paixões, inspiram artistas a cantá-las, formam nosso caráter, fazem parte do nosso patrimônio afetivo. Envelhecem, endurecem, mas não perdem a ternura.

(*) Tarcísio Bahia é arquiteto e professor da UFEs (Universidade Federal do ES).

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