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14 de abril de 2011

Me dá um dinheiro aí
- por Tarcísio Bahia


Tarcísio Bahia

Depois de uns dias ausente em função de duas viagens em sequência, voltei a encarar a tela em branco do computador para rabiscar algo para vocês que acompanham minhas elucubrações.

Nessas andanças, estive nas minas geraes, famosas por suas cidades barrocas. Só que um dos lugares que fui conhecer foi algo novo: o Inhotim. Talvez alguns de vocês já tenham estado lá enquanto outros ouviram falar, mas provavelmente a maioria ainda desconhece que no Brasil existe algo tão incrível como aquele paraíso.


Trata-se de um centro de arte contemporânea, cujas obras estão abrigadas em pavilhões de arquitetura primorosa, tudo isso inserido numa área paisagisticamente deslumbrante! Levei exatas seis horas lá dentro, andando sem pressa, mas surpreendendo-me a cada instante. Não consegui ver tudo, mas isso não é problema, afinal será uma motivação extra para voltar ao lugar. O mais incrível nisso tudo, porém, é que o Inhotim é um espaço privado, compondo na verdade uma obra pessoal de um visionário em prol do deleite coletivo. Inhotim pertence ao empresário Bernardo Paz, que deixará um legado incontestável para quem tiver a felicidade de visitar este centro cultural.
Sabemos que isso, ao contrário dos EUA, por exemplo, é algo raro no Brasil. Lá existe uma tradição de famílias ricas doarem parte de suas fortunas para criação de instituições filantrópicas, muitas das quais de caráter cultural. Há pouco mesmo li que o Bill Gates e o Warren Buffett resolveram arrecadar doações de outros bilionários para um ambicioso projeto de filantropia social. Depois de conquistar o que queriam, resolveram ajudar os outros que não tiveram a mesma oportunidade ou sorte.


É esse tipo de gesto que impressiona ainda mais quem visita um lugar como o Inhotim. Mas o fato é que os ricos brasileiros poderiam ser mais generosos e altruístas. Seria um modo de retribuir para a sociedade, pois entendo que é de onde parte toda a riqueza que alguem pode acumular.

E é claro, quem tem mais competência mais longe chegará, mas nunca é demais a humildade pelo menos em algum momento da vida para dividir com os demais aquilo que a vida lhes permitiu conquistar. Não estou aqui defendendo nenhum tipo de esmola, mas apenas sensibilidade social. E aí caberia a cada um, dependendo dos seus gostos pessoais ou estratégia de marketing, escolher qual seria sua área de cooperação filantrópica, afinal não faltam segmentos carentes, podendo ser tanto de caráter cultural, científico ou mesmo desportivo.


Pô, e não é que acabo de me lembrar que o Eike Batista é botafoguense! Até que uma filantropia em prol do glorioso alvinegro seria um gesto de desprendimento deste brasileiro que tanto nos orgulha...

Tarcísio Bahia é arquiteto e professor da Universidade Federal do Espírito Santo/BR.

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