
(Continuação da postagem anterior)
Segundo relatório encomendado por Stálin e baseado em depoimentos de testemunhas, após ter matado Blondie o sargento Fritz Tornow arrancou as crias da pastora alemã dos braços dos filhos de Joseph Goebbels e abateu os animais a tiros no jardim do esconderijo. Ele então matou os cães de Eva Braun e o seu próprio dachshund com uma injeção letal. Quando a Batalha de Berlim terminou, o corpo da cadela foi exumado e fotografado pelos soviéticos.
Lido assim, apressadamente, depreende-se que os nazistas eram monstros crueis e insensíveis com os animais. Nada mais equivocado. Só o eram com os humanos. Judeus, ciganos, homossexuais e comunistas, especialmente. Mas não para com os não-humanos.
“In neuen Reich darf es keine Tiequälerei mehr geben” (no novo Reich não deverá mais haver lugar para a crueldade com os animais), disse Adolf (“lobo nobre”, em teutônico) Hitler, em um de seus grandiloquentes e celerados discursos.
Não admitia a utilização de animais em experimentações científicas, médicas ou acadêmicas. Não havia necessidade. Os campos de Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen, Buchenwald e Dachau forneciam matéria-prima humana em abundância para esse fim.
Em 24 de novembro de 1933 Hitler anuncia “Das deutsche Tierschutzgesetz” uma inédita e avançadíssima lei de proteção dos animais que, inclusive, iria inspirou Vargas em sua fase pró-nazista a assinar em 10 de junho de 1934 o decreto de proteção dos animais nº. 4.645, primeira legislação brasileira a tratar do tema.
O que levava uma ideologia que nutria e incentivava o mais inominável ódio aos seres humanos a tratar com sinceridade genuína a compaixão para com os animais através de uma moderna e atualíssima legislação encontra sua explicação na chamada “deep ecology”, a ecologia profunda.
(Conclusão na próxima postagem)
Maninho Pacheco é jornalista e ativista pelos direitos dos animais.
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