Direitos dos Animais - por Maninho Pacheco

Blogui Don Oleari apresenta sua nova coluna e novo colaborador: Direitos dos Animais, por Maninho Pacheco (foto), jornalista, ativista batalhador em defesa dos bichos.

Acompanhem hoje em várias postagens a sequência do primeiro trabalho de Maninho Pacheco aqui no BDO. Ele vai passar a fazer também uma participação no Clube da Boa Música, 104.7, na Universitária fm,, o "Minuto dos Bichos".

Good morning Bagdá! (3)

“O horror, o horror!”, assombrava-se o Kurtz de Conrad, em “Coração das Trevas”. “O horror, o horror!”, voltou a repetir Kurtz, de Coppola. A perplexidade é a mesma: a brutalidade humana e sua inesgotável capacidade de destruição. “O horror, o horror!”. Durante o mês de abril de 2003, Bagdá foi o pior cenário de guerra do século.

Em meio às lutas entre os soldados invasores e as forças locais, saqueadores aproveitaram para roubar o que puderam dos prédios públicos sem qualquer segurança. O Museu Nacional do Iraque, que guardava preciosidades que remontam à origem da humanidade na Mesopotâmia, foi um dos locais mais prejudicados.

O Zoológico de Bagdá, o maior do Oriente Médio, foi outro lugar bastante visado. A maioria dos funcionários abandonou suas posições no início de abril, quando tropas paramilitares iraquianas montaram posições de defesa por ali. Os saqueadores aproveitaram para entrar e diminuir a população de 650 a 700 animais para apenas 35.

Macacos, ursos, aves e camelos e outros bichos poderiam render bastante, fosse em dinheiro ou como fonte de alimentação. Acabaram ficando os animais de maior porte, como tigres e leões, e os menos interessantes para os ladrões, como as tartarugas. Pelo menos quatro leões fugiram.
As notícias sobre o zoológico correram o mundo e chamou a atenção do ambientalista sul-africano Lawrence Anthony, que partiu para o Iraque para salvar os animais. Ele e os funcionários restantes fizeram o possível para recuperar as condições do zoológico. Essa história está contada por Anthony em “Babylon’s Ark: The Incredible Wartime Rescue of the Baghdad Zoo” (“A Arca da Babilônia: O Incrível Resgate do Zôo de Bagdá em Plena Guerra”, sem tradução no Brasil), em co-autoria com Graham Spence.

O livro vai virar o filme “Good Luck, Mr. Anthony”, em fase de produção pela Disney.
O zoo de Bagdá foi reaberto ao público em 20 de julho de 2003, contando com 86 animais. Apesar de alguns incidentes, entre os quais o da tropa inteira que fuzilou o tigre-de-Bengala que teve a infeliz ideia e suprema ousadia de perfurar o braço de um heroico mariner cheio de patriotismo no peito e cachaça até o talo. Vida que segue, como diria nosso João Saldanha. Good night, Bagdá!

Maninho Pacheco é jornalista e ativista dos direitos dos animais

Saudações ecolibertárias
PARA MIM OS ANIMAIS IMPORTAM
twitter: @ManinhoPacheco
maninho.pacheco@uol.com.br