Visite o site Don Oleari Ponto Com!

Seguidores

29 de janeiro de 2010

William Bonner: para ele o público
do JN é o Homer Simpson

Enviado por Pablo de Oliveira de Mattos,

- "o Bonner e a Globo não me espantam...mas os comentários, sobre a opinião do Bonner... será que a imprensa é tão imparcial e verdadeira assim? O "grande" William Bonner, e como tem gente que acredita nele", comenta Pablo.

Nota do Oleari: ia publicar só o linki, mas achei melhor reproduzir o relato do professor.
É meiqui longo, mas vale a pena "ganhar" uns minutim.

Um grupo de professores de comunicação da USP visita a Globo para conhecer os bastidores do Jornal Nacional e seu "grande" editor chefe William Bonner. Estarrecidos e constrangidos vêem que para Bonner o espectador do JN não passa de um Homer Simpson.

O relato é de um deles, prof. Laurindo Lalo Leal Filho, foi reproduzido no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, depois de publicado na Carta Capital, edição número 371, de título: “De Bonner para Homer”

DE BONNER PARA HOMER
por Laurindo Lalo Leal Filho*


- "O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal Nacional. Ele é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja.
Na reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar: Pauta.
A decisão do juiz Livingsthon Machado, de soltar presos, é considerada coisa de louco.

Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.

Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.

Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.

A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático bom-dia , Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional.

Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.

A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson. Essa o Homer não vai entender , diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia.

Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos atender ao Homer , passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.

Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas praças (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.

A primeira reportagem oferecida pela praça de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da oferta jornalística informa que a empresa venezuelana, que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível para serem vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano . Uma notícia de impacto social e político.

O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.

Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela praça de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. Esse juiz é um louco , chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.

Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês matéria oferecida por São Paulo , o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão. Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS , ouve-se. E sobre os grevistas? Nada.

De Brasília é oferecida uma reportagem sobre a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública . Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.

Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope.

E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.

Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.

* Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP - Univcersidade de São Paulo.

Um comentário:

  1. TELEVINÃO

    Televisão
    Caixote quadrado
    Não paramos de olhar
    Sentados
    Deitados
    Comendo
    Fumando
    Bebendo
    Trepando
    Sei lá
    Essas coisas fazemos...
    ... Diante do caixote imagético
    A maior parte das pessoas não consegue parar de olhá-lo
    Estarrecidos
    Babacas mongóis
    Isto mesmo
    Mongoloides
    Esta é a palavra
    Somos tratados assim
    Você já assistiu a uma novela
    É claro que já
    É o obvio ululante
    É mais ou menos assim
    Um monte de gostosas
    O primo do irmão do vizinho que não conhece a mãe, que na verdade é a avó, que ele pensa que é a tia.
    Um estupro à dramaturgia!
    Enquanto isso se consome de tudo
    Desde Banco Itacú
    Até revendedora de Carro
    Musica é claro
    Você tem de comprar as que tocam na novela
    Os cds são vendidos na hora dos comerciais
    Assim como cerveja
    Celular
    Temos de comprar
    Compre batón!
    Compre batón!
    Compre batón!
    !!!COMPRE PORRA!!!
    Você tem de comprar
    O pior
    Novelas vendem ideias
    Vendem costumes
    Deseducando boa parte da sociedade
    Ou seria
    Condicionando
    Condicionamento televisivo
    É
    Acho que é isso
    A televisão tem como meio o fim
    Dizer o que é bom
    Bonito
    Feio
    Certo
    Errado
    Caro ou barato
    Eee...
    Outros mais
    O povo está vendo televisão
    Está olhando
    “Pensando” e “prestando atenção”
    Telejornais falando do país
    Falando de economia
    Enfiando siglas goela abaixo
    INSS
    INPS
    RDB
    CDB
    BNDS
    Fala-se do FHC que brigou com o LULA no tempo do ACM
    Fala-se da alíquota do imposto pré-fixado que estava há não sei quantos por cento no mês tal
    Ufa!
    Essas enganações
    A televisão é o maior meio de comunicação que existe
    Sendo assim
    Sabe seu poder
    Quero dizer
    Seus titulares e amigos
    A classe dominante
    Os donos do dinheiro
    Entende
    Nada é feito por acaso
    Caro leitor
    Por que você acha que depois de uma notícia ruim sempre vem o gol da rodada
    Ou vitória da seleção
    Quando a seleção não ajuda a classe dominante a nos roubar...
    Tem o jamaicano Usain Bolt para ajudar
    Se não o tivessem...
    ... Colocariam matéria sobre a decisão da copa do caralho a quatro entre Flamengo e Corinthias
    O que estou tentando dizer é
    Não é por acaso que a televisão funciona desse jeito
    Ela é toda feita para levar a pensar da forma boa para dez por cento dos brasileiros que têm setenta e cinco por cento de toda a riqueza nacional
    Para que eles continuem milionários
    Os donos da situação
    O povo continua adestrado com samba e futebol
    É isso mesmo, DEZ POR CENTO dos brasileiros têm SETENTA E CINCO POR CENTO de toda a riqueza nacional.
    Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
    IPEA
    Aaahhh...
    Isso você não vê na televisão não é?
    A televisão faz questão de ser o mais prolixa possível em seus telejornais
    Difícil notar o que está acontecendo no nosso país
    Economia não é tão complicada como a televisão faz parecer
    É simples
    Se o Brasil fosse bem administrado
    Ninguém morreria de fome
    Não há presidente neste país que me convença do contrário
    Pode falar 879 línguas com sotaque perfeito de cada região
    Pode ter estudado em Marte
    Feito Pós-Graduação em Plutão
    Pode falar todas as siglas que quiser
    Pode tentar ludibriar, falando termos desconhecidos.
    Pode falar...
    ... Falar...
    ... Falar...
    A mim não convencerá
    Não
    Mesmo...
    ... Sabendo disso tudo...
    ... Muitas vezes...
    ... Insistimos em ligá-la
    É preciso que nos rebelemos
    Vamos quebrá-las
    Jogá-las fora
    Isso mesmo
    Quando você chegar a casa não ligue a televisão
    Leia um livro
    Ouça música
    Converse com seu filho
    Coma sua mulher
    Ou faça melhor
    Vá até a mesa onde está a televisão
    Pegue-a com as duas mãos
    levante-a
    Dirija-se até a janela
    Como se nada estivesse acontecendo
    Solte as duas mãos
    Deixe que ela caia para fora de sua casa
    Mas torça
    Torça muito
    Porque a policia vem ai

    MORAL DA HISTÓRIA
    TELEVISÃO NÃO VÃO DEIXAR JOGAR FORA

    Pablo Treuffar

    http://pablotreuffar.blogspot.com/1995/07/televinao-televisao.html

    ResponderExcluir

Arquivo do Blog