Enviado por Rubens Pontes
Nosso parceiro, experiente jornalista, escritor e viajante, faz uma deliciosa crônica sobre um rango parisiense num restaurante de Montparnasse.
- "Comendador don Oleari:
- Nosso blogui faz tanto registro sobre comida & bebidas que me faz lembrar um episódio vivido, muito tempo atrás.
- Já tinham me avisado que em Paris a comida é bastante cara para nossos bolsos reais, mas tudo bem. Era um restaurante chique em Montparnasse e o prato escolhido, como tudo na culinária francesa, embasbacava só pelo nome.
- Uma coisa mais ou menos como Viande de Le Boeuf ao Cremier de La Vegetarienette Superieure de Moiton et Poussy.
Uma nota, mas, afinal, era Paris.
- O garçon, que tinha a cara entre ladina e obscena dos garçons de todo o mundo, veio dali a pouco com um pratinho que comportava seis vagens, oito grãos de milho e quatro tabletes de carne. E junto o vinho, uma jarrinha menor do que a minha caneca de tomar café-com-leite.
- Não esquentei. Considerei aquilo como se fosse o nosso tradicional tiragosto. Com um sorriso amarelo, paguei uma nota preta e rosnei um merci para o garçon.
- Atravessei a rua, comprei dois sanduiches de baguete. Mais adiante, numa birosca,
peguei uma garrafa de vinho e fui fazer pique-nique nas margens do Sena.
- Ao final de quatro semanas de baguete com vinho, descobri porque todo brasileiro que chega da Europa vem fissurado por comida: uma feijoada completa (como aquela que um dia você me ofereceu, com aquele surpreendente porco-espinho), um churrasco, um leitão à pururuca com feijão tropeiro, se mineiro for".
Nota do Oleari: muito viajado, Rubens Pontes encontrou em várias viagens placas surpreendentes, que postarei logo mais.
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