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2 de julho de 2011

Dois de Julho é data mais importante
pro Brasil que o Sete de Setembro

A heroína baiana Joana Angélica
Enviado por Tina Maria da Bahia,
de Teixeira de Freitas

- Caríssimos Amigos,
Sei que todos os anos no Dois de Julho insisto em enviar-lhes e-mails 'falando' sobre este feriado aqui na Bahia. Mas sou chata, com a intenção de esclarecer o sentido desta data, não só para nós, baianos, mas sobretudo o que ela representa para o Brasil.

Um grande abraço e um final de semana beeeeem bacana!
Tina Maria".

Nota do Oleari - A cumpanhera Tina Maria, quinum fugiu da escola, ao contrário do rabiscador desta linha aqui, sabe das coisas. Mas como este redator de linhas tortas por linhas certas leu o livro 1822, do jornalista e escritor Laurentino Gomes, também aprendeu a lição. 

A data Dois de Julho, como diz aí o escritor, é mais importante para o Brasil propriamente que o 7 de Setembro.

 
A INDEPENDÊNCIA QUE O BRASIL ESQUECEU - Laurentino Gomes (publicado em: http://www.laurentinogomes.com.br/blog/?p=117#

Passa incólume pelo calendário cívico nacional neste sábado uma data injustiçada. É o Dois de Julho, dia da expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823. Nenhuma outra região lutou, sofreu e derramou tanto sangue em defesa da Independência do Brasil quanto a Bahia. Sem a resistência obstinada dos baianos, provavelmente a Guerra da Independência estaria perdida. Foram dezessete meses de combates, nos quais milhares de pessoas pegaram em armas na defesa dos interesses brasileiros contra Portugal.

A expulsão das tropas portuguesas de Salvador no dia Dois de Julho de 1823 marca a consolidação definitiva da luta pela Independência. Na capital baiana tombou a mais conhecida heroína dessa guerra, a madre Joana Angélica, ferida a golpes de baioneta na invasão do convento da Lapa em fevereiro de 1822. Apesar disso, a data é desconhecida pela imensa maioria dos brasileiros que vivem fora da Bahia. Raramente aparece nos livros didáticos e não consta do calendário cívico nacional. É uma injustiça que precisa ser corrigida.

Em 1822, Salvador era um ponto estratégico crucial para tornar viável o nascente império brasileiro. Capital da terceira província mais populosa do país, tinha uma importante indústria naval e exportava grandes quantidades de mercadorias, como algodão, açucar e tabaco. Era também grande pólo do tráfico negreiro, então o principal negócio do Brasil. Após o Dia do Fico (9 de Janeiro de 1822) e a expulsão das tropas portuguesas do Rio de Janeiro, as cortes de Lisboa decidiram concentrar suas forças na Bahia tentando isolar o príncipe regente e futuro imperador Pedro I. Acreditavam que, encastelados em Salvador, os portugueses poderiam mais tarde atacar o Rio de Janeiro e retomar o controle das províncias do sul do país. Em último caso, se a contra-ofensiva não funcionasse, poderiam dividir o território brasileiro mantendo as regiões Norte e Nordeste sob controle português. Por isso, a guerra na Bahia foi tão renhida e decisiva.

O Recôncavo baiano foi um capítulo heróico e de decisivo da Guerra da Independência. Funcionou como o embrião do esforço pela preservação da integridade territorial brasileira, seriamente ameaçada pelos portugueses. Após a ocupação de Salvador pelas forças do general Madeira de Melo, em fevereiro de 1822, o restante da Bahia aderiu em peso à Independência do Brasil formando um cinturão de isolamento aos portugueses encastelados na capital. As vilas e fazendas do Recôncavo se transformaram em imensos campos de refugiados brasileiros. A primeira vila da região a se pronunciar foi Santo Amaro da Purificação, no dia 14 de junho de 1822. Alguns dias mais tarde, em 25 de Junho, foi a vez da vizinha Vila de Cachoeira, onde se travou a mais singela e, talvez, a mais heróica de todas as batalhas navais da Independência, contra uma canhoneira portuguesa que havia disparado sobre os moradores da cidade.

No Recôncavo, sob o comando do general francês Pierre Labatut, concentraram-se as forças do até então indisciplinado e desorganizado exército brasileiro. Os soldados estavam descalços, famintos e com os soldos atrasados. Muitos morriam de tifo e impaludismo, febres endêmicas no Recôncavo. Faltavam médicos, enfermeiros, remédios e hospitais. As armas eram fabricadas de forma improvisada pelos próprios oficiais e soldados. Apesar disso, lutando contra tudo e contra todos, os baianos conseguiram vencer as adversidades e iniciar a ofensiva contra os portugueses.

A Bahia decidiu o futuro do Brasil na sua forma atual. Por essa razão, sou a favor de elevar o Dois de Julho à condição de data nacional, como também acredito que os políticos baianos deveriam, com urgência, desfazer o grande equívoco que foi a troca do nome do aeroporto de Salvador. Agora, chama-se Luís Eduardo Magalhães, em homenagem ao político baiano falecido em 1998. É uma prova de que o coronel da atualidade será sempre mais lembrado do que todas as lutas gloriosas do passado. Deveria voltar a se chamar Dois de Julho porque essa é uma data fundamental para a Independência do Brasil, tão ou até mais importante que o 7 de Setembro. Ela é a prova de que a Independência do Brasil não se resume ao Grito do Ipiranga.

Nota 2 - Lemos 1808 e 1822, de Laurentino Gomes, dois livros indispensáveis para se conhecer a verdade de alguns fatos da nossa história, bem além dos ufanistas dos livros dos nossos tempos de ginásio. 

Fonte:
http://www.laurentinogomes.com.br/blog/?p=117#

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