Crônica
17/05/2010 - 00h00 (Outros - A Gazeta)
Oswaldo Olearidonoleari@gmail.com
O Brasil não é mais aquele
Que país é este? – perguntou outro dia o agora cinquentão Renato Russo. Que país é este, senão o país gracinha que se esganou semana inteirinha festejando suas grandes conquistas?
Tá reclamando duquê, cara? Multidões ululantes foram às ruas de camisa canarinho festejar algumas marcas maravilhosas, que nenhum país de primeiro mundo, de segunda ou de terceira, logrou alcançar.
Confiram se este não é o país em que seu povo se veste de verde-e-amarelo para ir às ruas comemorar o fim do imposto escorchante com os empresários, dia 22 de maio, a data em que brasilerim da silva - somos todos Silva, tabão não? – começa a trabalhar pro rango nosso de cada dia. Até então, trabalha pra inchar as burras do reinado da Ilha da Fantasia, bancar o cartão corporativo e as contas de milhões de dólares em paraísos. Vão dizer que aquelas ilhas do Caribe e periferia, sem falar em Suíça, não são paraísos?
Óia aí, sô, se este não é o maravilhoso país em que seu povo entupiu as praças da Nação – olha o cacófato aí, geenteee! – para comemorar o fim das eleições de cidadãos processados na Justiça, centenas de trilhares deles se refugiando nas prisões horrorosas de Brasília chamadas Câmara e Senado fuderal - diria o coleguinha Agamenon Mendes Pedreira, aos domingos neste Caderno2.AG.
E por que não? Uma semana de carnaval, povaréu cantando, pulando, bebendo e comendo, em comemoração maior pela drástica redução dos gastos do governo, consciente afinal, segundo línguas afiadas, de que, ao reduzi-los, a plebe será premiada, trabalhará menos, pagará menos impostos impostos pelo governo, além da tchiurma do PIB reduzir custos, empregar mais, vender mais mais barato, quem sabe?
Esta, senhores, sem qualquer dúvida de sombra foi a semana do Zé Mané, do Zé das Quantas, do Manoel das Tantas e tantos quantos nosotros, os da plebe ignara, os filhos da pátria amada, idiotalatrada, estufamos o peito e nos enrolamos na amada bandeira pátria, felizmente jamais utilizada para nos enrolar, em nossos tempos de bobos da corte! Enfim, irmanados, festejamos o fim das obras inacabadas – que tempos aqueles, nememo? - as superfaturadas, as fraudadas, as arquitetadas jamais realizadas além das pranchetas, o fim do rachidi de doutos vereadores e não menos deputados... o fim da era dos zérobauto panetone.
Certos estão os que torcem o nariz nesta linha aqui acusando o escriba de relembrar tempos imemoriais: “mau gosto”, “recalcado”, “antipatriota”, “vá te catar”. Estão, mesmo. Uma semana rica da nossa história, camisas canarinho, bandeirolas, ipiurra, Brazilll... zilll... zilll... sem essa de matutar o passado passado a limpo, onde não cabe perguntar “Que País é este?” quinem se perguntou outrora.
Ora, ora, este é o país dos heróis nacionais, cevados a euro nas oropa da vida, só
3rês reles em míseros reais, a dar alegria a seu povo bem nutrido, alfabetizado, farta escola boa, saneamento básico, água tratada, um posto de saúde em cada esquina... Canta o hino aí, vai: “O Brasil não é mais aqueeelee, pau na bunda dele...”
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